A conservação ambiental, através das áreas protegidas, constitui um pilar essencial na luta contra a perda de biodiversidade e na proteção de ecossistemas frágeis frente às pressões do desenvolvimento humano. Essas áreas não somente abrigam espécies em perigo, mas também atuam como bastiões contra a degradação ambiental. A gestão eficaz dessas áreas é, portanto, um requisito indiscutível para assegurar sua preservação e a distribuição justa dos seus benefícios. 

Historicamente, a comunidade internacional tem se coalescido em torno de objetivos comuns, representados por iniciativas como a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) e seus objetivos de Aichi e Kunming-Montreal, refletindo um compromisso global com a expansão e proteção de áreas conservadas. Contudo, apesar destes avanços significativos, a questão da eficácia e equidade na gestão dessas áreas muitas vezes permanece sem resposta, levantando dúvidas sobre a real efetividade dessas medidas de conservação. 

Para enfrentar esses desafios, foram desenvolvidas diversas ferramentas e sistemas de avaliação, tanto em âmbito internacional quanto nacional, visando medir e promover a gestão eficaz e equitativa de áreas protegidas. Dentre elas, destacam-se iniciativas como o RAPPAM, METT, EoH, GAPA, e o SAMGe no Brasil, que procuram oferecer um quadro de referência para a avaliação da gestão dessas áreas. 

Em meio a esses esforços, a UICN tem se destacado pelo desenvolvimento e promoção do Programa Lista Verde de Áreas Protegidas e Conservadas, um padrão global que busca não somente reconhecer, mas também incentivar a gestão eficaz e equitativa de áreas protegidas em todo o mundo. Este programa, que tem evoluído através dos anos e sido consolidado em eventos chave como os Congressos Mundiais de Parques e Conservação, visa estabelecer critérios rigorosos para a certificação de áreas protegidas, promovendo assim uma conservação mais eficiente e justa. 

A realização do Fórum da Lista Verde em dezembro de 2023 representou um momento crítico para a avaliação e discussão do futuro do programa. Com a participação de mais de 120 especialistas, incluindo membros de organizações parceiras, Grupos de Especialistas Avaliadores para a Lista Verde (EAGLs), e outros apoiadores, o evento serviu como uma plataforma para o compartilhamento de experiências e o estabelecimento de diretrizes estratégicas para a evolução do programa. 

Importante ressaltar foi a presença significativa de representantes sul-americanos, que, além de contribuir com perspectivas globais, fortaleceram os laços regionais e compartilharam valiosas experiências locais de aplicação do padrão Lista Verde. Este intercâmbio de conhecimentos e práticas ressalta a importância de uma abordagem colaborativa e inclusiva na conservação ambiental. 

O Fórum também enfatizou a necessidade de uma comunicação efetiva e contínua sobre o padrão Lista Verde, destacando o papel essencial de plataformas como o COMPASS e o Engage na promoção de uma comunidade global de conservação. Além disso, a participação e o envolvimento de Povos Indígenas e comunidades locais foram reconhecidos como fundamentais para o sucesso do programa, indicando a importância de integrar diversas visões e conhecimentos na gestão das áreas protegidas. 

Ao concluir, o Fórum da Lista Verde de 2023 não somente avaliou o estado atual do programa, mas também lançou luz sobre caminos.

Photo: Luciano Régis Cardoso (EAGL-Brasil)

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