Integrar saúde e meio ambiente nos esforços de recuperação do Rio Doce é fundamental para a reconstrução da região e de suas comunidades, afirma o Painel do Rio Doce
O Painel do Rio Doce, um painel científico independente da UICN, destaca a interligação entre a saúde humana e ecossistemas saudáveis e sustentáveis.
Belo Horizonte, 13 de março de 2020 - Uma abordagem mais integrada em relação à saúde e ao meio ambiente - que trate dos desafios históricos e também dos novos desafios após o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão no estado de Minas Gerais - é urgentemente necessária para restaurar a bacia hidrográfica do Rio Doce e suas comunidades afetadas, de acordo com um novo estudo do Painel do Rio Doce, o 5º da série “Questões em Foco”.
Os impactos do rompimento da barragem de rejeitos em 2015 intensificaram as alterações (ou danos) já existentes; uma onda de lama varreu o rio, percorrendo 670 km até o Oceano Atlântico e pondo em risco a saúde das pessoas e dos ecossistemas. Sedimentos depositados previamente por atividades industriais - juntamente com esgoto sem tratamento e produtos químicos tóxicos levados pela enchente - contaminaram a paisagem, incluindo os recursos hídricos.
O documento “Interconexões entre a saúde humana e saúde dos ecossistemas: uma abordagem integrativa para a Bacia do Rio Doce após o rompimento da Barragem de Fundão” considera que a integração dos sistemas de saúde humana e de saúde dos ecossistemas tem o potencial de ser mais sustentável ao longo do tempo e ajudar na prevenção de doenças e na conservação da natureza.
“Intervenções técnicas e científicas vinculadas a programas de educação e capacitação focados nas interconexões entre a saúde humana e a conservação da natureza - como o monitoramento comunitário de recursos hídricos - têm o potencial de melhorar a prevenção na saúde e as boas práticas na região, ” afirmou Luiza Alonso, autora principal do artigo do painel. Ela complementa com um exemplo: “É importante garantir que a população disponha dos programas educacionais e serviços públicos necessários para ajudar a identificar a origem de possíveis sintomas”.
O Painel do Rio Doce avaliou os esforços recentes da Fundação Renova para integrar os programas de saúde e manejo de resíduos, o projeto de Gestão Ambiental Integrada para Saúde e Meio Ambiente (GAISMA). O Painel reconhece a importância do projeto GAISMA, o qual considera como um dos meios para implementar as recomendações do documento.
Com base em evidências cada vez mais contundentes enfatizando a existência de vínculos fortes entre a saúde humana e do ecossistema, o Painel concluiu que uma abordagem mais integrada deve incluir o desenvolvimento de capacidades locais para monitorar a saúde e o meio ambiente por meio da coleta regular de informações sobre fatores de risco relacionados a doenças humanas. Além disso, o Painel considera que essas atividades podem ajudar a aumentar a conscientização sobre a importância do saneamento e do acesso à água potável nas comunidades.
O estudo também ressalta a necessidade de intensificar a troca de dados e informações sobre manifestações de sintomas de saúde entre as comunidades e os profissionais de saúde.
Por fim, os especialistas apresentam exemplos nacionais e internacionais de soluções baseadas na natureza - ações para proteger, gerenciar e restaurar os ecossistemas de maneira sustentável - juntamente com tecnologias inovadoras que poderiam ser implementadas na Bacia do Rio Doce capazes de aprimorar os sistemas de tratamento de água e esgoto e produzir benefícios para as pessoas e a natureza da região.
Yolanda Kakabadse, Presidente do Painel do Rio Doce, explica por que isso é importante. “Uma abordagem integrativa que inclui a educação sobre o meio ambiente fortalece a inter-relação entre a população local e os profissionais de saúde; a participação cívica é absolutamente essencial para construir paisagens e comunidades mais resilientes e saudáveis. ”
O Painel do Rio Doce é composto por especialistas nacionais e internacionais que acumulam diversas habilidades técnicas, qualificações acadêmicas e conhecimentos locais. Entre eles, a Presidente do Painel, Sra. Yolanda Kakabadse, é ex-ministra do Meio Ambiente do Equador e ex-presidente da UICN. A autora principal do estudo é Luiza Beth Nunes Alonso, Ed.D.. Luiza trabalha com desenvolvimento social junto a comunidades carentes em zonas rurais e urbanas há mais de 40 anos, com foco em questões de saúde e meio ambiente.
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Renata Bennet, Escritório da UICN no Brasil, Tel.: +55 61 3 547 2588, Celular: +55 61 99 819 3905, [email protected]; Website: http://iucn.org/riodocepanel